Travessuras - Histórias para Anjos e Marmanjos de Gil Veloso foi lançado em 2010 pela Editora Operaprima e como em seu livro anterior, Fábulas Farsas, pode ser muito bem associado com a frase do sociólogo e filósofo Laymert Garcia dos Santos: “Histórias aparentemente simples e, no entanto, repletas de reviravoltas, ciladas, situações cômicas, banalidades expressas de modo rebuscado, maldades misturadas a simplicidades, tudo numa linguagem aceleradíssima e cortante”.
Em uma junção de 11 pequenas histórias, Gil Veloso reuni humor, reflexão, desenhos artísticos e a pureza de uma criança, mas designando-as, na minha opinião, para adolescentes e adultos. Pois apesar de histórias infantis e, aparentemente, bobas, são escritas em uma linguagem meio adulta, com bastante metáforas, reflexões da vida e linguagem poética, fazendo com que não sejam completamente intendidas por qualquer um.
Todas as histórias são acompanhadas por ilustrações belas que são jogadas no livro, mas encontram sozinhas seus lugares ideais e um design artístico que faz tudo se movimentar durante a leitura, aumentando a loucura e o divertimento do leitor.
Para você compreender melhor o que estou dizendo, citarei algumas passagens do livro, falas...
A primeira historia se chama "Popó, o Hipopótamo Hipocondríaco". Confira o primeiro parágrafo: "Seus pais nasceram na África, e lá ficaram... Quando ele veio para o Brasil não foi por livre hipopótoma vontade; obrigado, sem direito a "não, obrigado!", chegou trazendo sua orfandade de quase meia tonelada. Somemos aí mais tonelada e meia de solidão: esse era o peso que seu coração bicho carregava. Só então entendeu o dito "haja coração!", afro-samba e capoeira, mas volta e meia tropeçava, caía em banzos macambúzios..."
Na história "A Formiga Abduzida" Gil Veloso nos apresenta uma canção feita pela formiga que havia sido abduzida. Nela contem frases que, se colocadas do avesso, são as mesmas. Como por exemplo "Aula na Lua", "O Danado Medo do Demo" entre outras.
Já em "O Menino que Fazia Pipi Quando Ria" o autor faz um jogo com palavras, que alias ocorre muito em todos os contos: "(...) Sem solução, o pai e a mãe soluçavam de rir; o cão parecia vulcão em erupção; o periquito teve uma piripaque, quase engoliu a língua; o gato teve convulsão; a irmã parecia uma maritaca atacada; a empregada, que nunca teve juízo, ria para não ficar no prejuízo(...).
E para completar, uma conversa entre "O Coverio e a Caveira": "(...) - Boa Noite! - disse o coveiro, tiritando. Igualmente assustada, há tempos no horizontal estado, a caveira não via carne ao vivo desde os meados de antigamente. - Bela noite... - respondeu, estendendo a mão descarnada. - Muito prazer, encantada! Como tem passado?"
Travessuras - Histórias para Anjos e Marmanjos é a junção de todas essas maluquices e doideras, criadas e escritas por ninguém menos do que Gil Veloso e suas filosóficas maneiras.
Nota: 7,5.
Resenha escrita por Pedro de Aguiar Goto.
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Caro Pedro,
ResponderExcluiragradeço pela atenção ao meu livro e pelas considerações todas de sua resenha travessa...
Obrigado;
gil
Parabéns pelo T.S. Livros.