Ever e Damen estão apaixonados há muito tempo. Muito tempo realmente. O amor dos dois atravessou Eras e encarnações da garota. Ele, imortal graças à alquimia, assistiu seguidamente sua amada morrer em sua frente sem poder salvá-la.
Na última quase morte da garota, o rapaz chegou a tempo e conseguiu torná-la como ele. Agora, os dois podem ficar juntos enquanto ele a ensina os detalhes da magia e da imortalidade que aprendeu. Tudo estava perfeito para ficarem juntos. Até Damen ser amaldiçoado.
Esta é a trama contada em "Para Sempre" e "Lua Azul", os dois primeiros volumes da série "Os Imortais". O terceiro, "Terra das Sombras", chega ao Brasil dia 26 de novembro pela editora Intrínseca. Ao todo, serão seis livros e o próximo está previsto para o primeiro semestre de 2011.
No complicado romance, Ever precisa descobrir como quebrar o feitiço de Damen. Graças a uma emboscada feita por Roman, inimigo do rapaz, a garota não pode tocar em seu namorado ou ele morrerá. Desta vez nada que a alquimia possa fazer para trazê-lo de volta à vida.
Leia trecho do segundo capítulo de "Terra das Sombras" :
*
Ajoelho-me a seu lado, mãos no colo, dedos dos pés enterrados na areia, desejando que ele olhe para mim, que ele fale. Mesmo que seja apenas para me dizer o que eu já sei - que cometi um erro grave e estúpido, que possivelmente nunca será corrigido. Eu ficaria feliz em aceitar - droga, eu mereço isso. O que não aguento é seu silêncio absoluto e esse olhar distante. Quando estou prestes a dizer algo, qualquer coisa, para quebrar o silêncio insuportável, ele me olha com olhos tão cansados que são a perfeita materialização de seus seiscentos anos de idade.
- Roman. - Damen suspira, balançando a cabeça. - Eu não o reconheci, não fazia ideia... - Sua voz se apaga junto com seu olhar.
- Não tinha como saber - digo, ávida por acabar com qualquer culpa que ele possa sentir. - Você foi enfeitiçado por ele desde o primeiro dia. Acredite, ele já tinha tudo planejado, deu um jeito de fazer com que todas as suas lembranças fossem completamente apagadas.
Seus olhos examinam meu rosto, analisando-me com cuidado antes de se levantar e se virar. Olhando para o mar, com os punhos cerrados, ele diz:
- Ele machucou você? Ele perseguiu ou feriu você de algum modo?
Faço que não com a cabeça.
- Não precisou. Bastou machucar você para me afetar.
Ele se vira, os olhos escurecendo enquanto seus traços ficam tensos. Respira fundo e diz:
- A culpa é minha.
Fico boquiaberta, imaginando como ele pode acreditar nisso depois de tudo o que eu disse. Chorando, levanto-me e fico a seu lado.
- Não seja ridículo! É claro que a culpa não é sua! Não ouviu nada do que eu disse? - Balanço a cabeça. - Roman envenenou seu elixir e o hipnotizou. Você não teve nada a ver com isso, estava apenas cumprindo ordens dele. Foi algo além de seu controle!
Mas eu mal termino e ele já desconsidera com um aceno de mãos.
- Ever, não percebe? Não se trata do Roman ou de você. Isso é carma. É a punição por seiscentos anos de uma vida egoísta. - Ele balança a cabeça e ri, embora não seja o tipo de risada que contagie. É outro tipo. O tipo que gela até os ossos. - Depois de todos esses anos amando e perdendo você repetidas vezes, tinha certeza de que aquela era minha punição pelo modo como estava vivendo, sem ter ideia de que você morria sempre nas mãos de Drina. Mas agora vejo a verdade que passei tanto tempo sem perceber. Logo quando estava certo de que havia me livrado do carma ao torná-la imortal e mantê-la ao meu lado para sempre, o carma ri por último, permitindo que passemos a eternidade juntos, mas só nos olhando, sem nunca mais podermos nos tocar.
Vou até ele, querendo abraçá-lo, confortá-lo, convencê-lo de que não é verdade. Mas me afasto rapidamente, lembrando que a impossibilidade de contato é exatamente o que nos trouxe até aqui.
- Isso não é verdade - digo, meus olhos fixos nos dele. - Por que você seria punido se fui eu que cometi o erro? Não percebe? - Balanço a cabeça, frustrada com sua forma singular de pensar. - Roman planejou tudo. Ele amava Drina. Aposto que não sabia disso, hem? Ele era um dos órfãos que você salvou da peste na Florença renascentista, e ele a amou por todos esses séculos, teria feito qualquer coisa por ela. Mas Drina não ligava para ele, só amava você. E você só amava a mim. E, então, bem, depois que eu a matei, Roman decidiu vir atrás de mim, só que fez isso por meio de você. Ele quis me fazer sentir a dor de nunca poder tocá-lo novamente, assim como ele se sente em relação a Drina! E tudo aconteceu tão rápido, eu só... - Eu interrompo, sabendo que é inútil, um total desperdício de palavras. Damen parou de ouvir assim que comecei a falar, convencido de que a culpa é dele. Mas eu me recuso até a pensar nisso, e também não deixarei que ele o faça.
- Damen, por favor, não pode simplesmente desistir. Não é carma. Sou eu! Eu cometi um erro, um erro terrível. Mas isso não significa que não podemos consertar as coisas! Deve haver um jeito - digo, agarrando-me à mais falsa das esperanças, forçando um entusiasmo que não sinto de verdade. Damen fica parado diante de mim, uma silhueta escura no meio da noite; o calor de seu olhar triste e cansado é nosso único abraço.
- Eu nunca deveria ter começado com isso - diz ele. - Nunca deveria ter feito o elixir. Devia ter deixado as coisas seguirem o curso natural. É sério, Ever, veja o resultado. Não trouxe nada além de dor! - Ele balança a cabeça, e seu olhar é tão triste, tão arrependido, que meu coração desaba. - Mas ainda há tempo para você. Tem a vida inteira pela frente, uma eternidade para ser o que quiser, fazer o que quiser. Eu, no entanto... - Ele dá de ombros. - Estou maculado. Acho que todos podem ver o resultado de meus seiscentos anos.
- Não! - Minha voz se agita e meus lábios tremem tanto que a agitação se espalha pelo meu rosto. - Você não pode ir embora, não pode me deixar de novo! Passei o inferno neste último mês para salvá-lo, e agora que está bem, não vou desistir. Fomos feitos um para o outro, você mesmo disse! Estamos apenas passando por uma dificuldade temporária, só isso. Mas, se pensarmos juntos, sei que descobriremos um modo de...
Eu paro, a voz sumindo, e vejo que ele já se foi, retirou-se para seu mundo frio e triste, onde só ele pode ser culpado. Sei que é hora de contar o restante da história, as partes lamentáveis que eu preferiria deixar de fora. Talvez assim ele veja tudo de outra forma, talvez então...
- Tem mais - digo rapidamente, embora não tenha ideia de como formular o que vem depois. - Antes que presuma que o carma veio pegar você, ou o que quer que seja, você precisa saber de mais uma coisa, uma coisa da qual não me orgulho exatamente, mas ainda assim...
Respiro fundo, conto a ele sobre minhas viagens a Summerland - a dimensão mágica entre as dimensões, onde aprendi a voltar no tempo - e digo que, quando me foi dada a opção de escolher entre ele e minha família, eu escolhi minha família. Estava convencida de que poderia, de alguma forma, restaurar o futuro que eu tinha certeza de que fora roubado, mas acabou terminando em uma lição que eu já sabia:
Às vezes, o destino não está a nosso alcance.
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