Como disse a resenha do New York Times, assinada por Michiko Kakutani, o novo romance de Shteyngart é, simultaneamente, “superengraçado” e “supertriste” – e aí reside o seu charme irresistível. Caído de amores por Eunice Park, uma jovem de 24 anos, filha de imigrantes coreanos, que o acha não mais do que um velho esquisito, Lenny experimenta dia a dia a sensação de ser esmagado pela juventude ao seu redor. Funcionário de uma empresa de Prorrogação Indefinida de Vida, que oferece a promessa de imortalidade a clientes ricos, ele enfrenta o bullying dos jovens colegas, numa atmosfera que preza pelo preconceito, pela disputa e pelo exibicionismo.
Uma Historia de Amor Real e Supertriste, Lançado em 2011.
Sinopse: Lenny Abramov vive num futuro muito próximo do nosso. São poucos anos na linha do tempo, mas o mundo já está bastante mudado. Os Estados Unidos são um império ruído. Imersos num colapso econômico, estão em guerra contra a Venezuela e são comandados com mão de ferro por uma força política misteriosa e onipresente, os bipartidários. Há confrontos no Central Park e tanques de guerra pelas ruas de Nova York. Enquanto isso, as pessoas vivem obcecadas por sua saúde e pelo valor de sua imagem. A compulsão consumista corre desbragada – a última moda são os sutiãs Saaamis, que deixam os mamilos à mostra. No campo tecnológico, iPhones e notebooks foram substituídos por um único aparelhinho: os indefectíveis äppäräts, que tudo sabem e tudo veem. Aponte-o para alguém, e descobrirá desde a nacionalidade dos seus pais até as suas últimas compras, passando pelos seus coeficientes de personalidade e de sensualidade. Neste cenário, Lenny Abramov é um anacrônico, quase inverossímil. Filho de imigrantes russos, à beira dos 40 anos, é dono de uma careca e de um índice de massa corporal que só servem de chacota para os mais jovens. Ainda teima em ler livros, conhecidos como “trava-portas”, objetos considerados repugnantes pelos seus contemporâneos. Não é nada hábil com seu äppärät, confunde-se com as inúmeras siglas que representam as gírias mais cool, e mantém um diário – provavelmente o último a ser escrito – onde descreve suas trapalhadas e seu sentimento de incompatibilidade com o mundo. Não bastasse tudo isso, ele ainda por cima comete a obsolescência de se apaixonar. Perdidamente, como nos velhos tempos. É da reprodução do diário desse improvável personagem que nasce Uma história de amor real e supertriste, aclamado nos Estados Unidos como o melhor livro de Gary Shteyngart e uma das grandes obras da década. A trama inventada pelo autor russo foi classificada como uma criativa sátira do american way of life, ao mesmo tempo que é comparada ao clássico 1984, de George Orwell, por mostrar previsões assustadoras sobre o futuro – desta vez, muito mais perto de nós.
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